17 junho 2012

Cap. 2 Parte 2

-Explique direito Karen nos não viemos aqui para isso?
Eu concordei com a cabeça e ela soltou um suspiro.
-Bem é que nos não nos damos conta da passagem de tempo no País das Maravilhas, então por dedução eu achei que você teria 23.
-Hã?
Olhei para eles confusa e ansiosa pela resposta.
-Acontece Lilian que eu e a Karen somos do País das Maravilhas.
Fiquei um tempo processando a informação.
-Eu sei que é difícil d acreditar, mas não foi você quem disse-
-Eu sabia!
Eu levantei rapidamente e fui para o lado de Andrew e comecei o turbilhão de perguntas.
-Ele realmente existe né? Como vieram pra cá? Tem como eu ir para lá também? Minha mãe está lá? Tem como eu provar que ele existe?
-É Lilian, você pode se acalmar? E por favor, sair de cima de mim?
Percebi o ato impulsivo, idiota e vergonhoso que acabara de fazer. Sai de cima dele com as bochechas quentes e, depois de respirar duas vezes, sentei e esperei as respostas, se eles escutaram todas elas.
-Uma coisa que você precisa sabe é que a sua mãe criou o País das Maravilhas.
-Como?
-Existem três mundos, o mundo material (Humano), o mundo divino (Espiritual) e o submundo (Infernal). O que a sua mãe te falou sobre o País das Maravilhas?
-Ela disse que era um mundo cheio de criaturas misteriosas e magníficas, onde todos eram livres e felizes. Onde a tristeza era desconhecida e todos sorriem.
-Resumindo um verdadeiro País das Maravilhas não é?
Concordei com a cabeça tentando acompanhar o raciocínio de Karen.
-Mas onde existe a bondade sempre vai existir a maldade, essa regra só não se aplica no mundo espiritual e no submundo. Sua mãe não sabia que tinha o poder para fazer um mundo, ela queria tanto um mundo assim que durante o sonho criou o País das Maravilhas. Ela ia e via desse mundo sem nem saber que ela que o tinha criado, mas o preço a pagar foi muito alto. Por não ter experiência em controlar seu poder, ela afetou o próprio tempo de vida e um pouco antes de se casar com seu pai, o Chapeleiro contou tudo isso para ela, com medo de perdê-la já que ele a amava.
Depois de dizer isso Karen deu uma pausa sabendo que eu tinha que processar tudo isso. Um tempo depois eu fiz um sinal para que continuasse.
-Mas até então a sua mãe estava grávida da Roseli não podia voltar atrás. Assim que ela teve você decidiu ir para o País das Maravilhas, ela também amava o Chapeleiro e seu pai entendeu isso.  Enquanto esteve no país das maravilhas sua mãe engravidou do Chapeleiro, mas como o bebe tinha uma saúde fraca sua mãe usou o resto que tinha do poder para manda-la para esse mundo.
-Mas as datas não batem, mesmo se Analice for filha dela, não tem como, pois ela foi encontrada assim que a minha mãe desapareceu, na verdade para ser exata duas semanas depois.
-Sua mãe acelerou a própria gravidez, pois ela estava sendo perseguida e não podia deixar que o bebe morresse, mas assim que ela nasceu, Alice viu que sua saúde não era boa e que assim seria impossível para o bebe viver ali. Sendo assim sua mãe enviou Analice para o orfanato fazendo uma abertura de tempo espaço nos dois mundos. Acreditamos que você pode salvar o Mundo Astral.
-Mundo Astral?
-É como chamamos o País das Maravilhas.
-E quanto a salvar? Pensei que a minha mãe tinha salvado vocês a muito tempo.
-Sim, é verdade. Mas agora o inimigo é outro, a Rainha de Copas  já não é mais um problema, na verdade sua filha agora e nossa aliada. O que acontece é que não sabemos quem é o nosso inimigo, ele manda pessoas atacar as cidades e nunca se mostra. Também não sabemos do seu objetivo.
-E porque acham que eu poderei ajudar?
 Perguntei a Karen, mas quem respondeu foi Andrew.
-Você é filha da Alice e, logicamente, herdou seus poderes.
Fiquei pensando por um tempo, poderes? Até a alguns dias eu não sabia me interagir com as pessoas, como vou saber usar esses poderes que eu nem sei se realmente existem? Levantei olhando para eles seriamente.
-O que eu posso fazer?
Os dois deram dois largos sorrisos e suspiraram aliviados. Depois de se levantarem eles andaram a caminho do jardim.
-Podemos andar pelo jardim enquanto pensamos numa forma de voltar.
-O que?! Vocês vieram para cá e não sabem como voltar?
Karen virou e, com a mão atrás da cabeça, começou a se explicar com um ar envergonhado.
-Bem é que foi tudo tão rápido que não pudemos pensar nesse detalhe, e além do mais como forçamos a nossa saída do nosso mundo, aquele buraco maldito cheio de si nos mandou para o meio de uma floresta deserta.
Levei a mão direito ao rosto e dei um suspiro. Quando ouvi passos atrás de mim levantei a cabeça e, enquanto olhava para trás, tive uma grande surpresa.
-S-S-Senhorita Lilian, a Jovem Roseli esta aqui, acompanhada da Jovem Analice.
Estava tão irritada com ela pelo que tinha feito, não por mim, pois eu já estava acostumada, mas pela Karen e Andrew que também ficaram em perigo.
-Não é necessário que você fale mais “Senhorita”, afinal ela está ficando velha, pode trocar por “Senhora”.
Roseli veio com fúria total ao meu encontro, mas Andrew se pós ao meu lado puxando um braço meu e passando a mão envolta da minha cintura. Karen segurava o riso tapando a boca, enquanto eu via estrelinhas e parecia que iria cair a qualquer momento.
-Bem, o que a trás aqui Roseli?  Afinal como vê está nos interrompendo.
Logo em seguida ele beijou a mão que tinha pego, fiquei tão vermelha que enfiei meu rosto em seu peito para esconder o meu rosto, que estava ardendo em chamas.
-Oh meu Deus Jovem Andrew, não pode fazer isso. Afinal isso só é permitido aos noivos e casados.
-Pois anda desenformada Srta. Roseli, acabei de pedi-la em casamento essa aceitou.
Golpe final! Desmaiei na hora e nem quis saber do resto, só faltava ele querer me beijar! Só de pensar na ideia... Ah! Não, não, não pode! Ouvi a voz de Karen me chamando e morrendo de rir ao mesmo tempo, assim que acordei levantei meu braço e segurei o pescoço dela, apertando o mais firme que pude.
-Calma, calminha Lily. Não mate a sua melhor amiga.
-Única amiga, mas eu vou preparar um lindo funeral para você.
-Lily!
Depois do gritinho dela, olhei para o lado e vi Andrew rindo da nossa cena. Ai não! A falsa proposta! Para não desmaiar de novo, levantei e respirei fundo.
-Onde está a Roseli?
-Você esta mudando de assunto, pequena e apaixonada Juliet-
Agarrei Karen de novo e olhando para ela com um olhar “Cale-se se não eu irei te matar lenta e vagarosamente”. Virei-me para Andrew e ele respondeu apontando para casa e dizendo.
-Ela se recusou a ir embora, disse que ia esperar você acordar.
Levantei e fui andando, na verdade cambaleando, até a casa. Assim que cheguei à sala vi Roseli e Analice tomando chá e comendo biscoitos.
-Que coragem tomar chá na casa dos outros sem permissão e sem o dono da casa? Está claramente perdendo a classe Roseli.
-Casa que eu te dei e posso tirar.
-Ouça o que os outros têm a te falar de boca fechada, como eu disse esta perdendo a classe.
Ela me olhou com raiva e irritação, o que eu me fez vibrar por dentro. Sentei e depois uma empregada colocou chá para mim, Andrew, Karen que ria do que acabara de falar.
-Como eu já disse, pertenço tanto a família Miracle quanto você. Não preciso da sua generosidade, o acesso à conta da família já está em minhas mãos e você não pode fazer nada. Não se preocupe não gasto como vocês feito louca. Na verdade quem está com a mesada cortada, ou melhor, limitada, são vocês por terem gastado sem medir o dinheiro da família.
Roseli me olhava surpresa  e logo levantou-se.
-Isso é um absurdo! Como uma bastarda que nem você pode fazer isso?
-Olha como fala, não admito que fale assim na casa onde meu pai está. E falando nisso...
Olhei para Analice que comia um biscoito de chocolate de cabeça baixa sem muito interesse na conversa.
-Analice, você não precisa mais ficar com ela. Sei que ela a trata bem, mas é só para a sociedade vê-la bem. Vamos não quer ver o papai?
-Cala a boca.
Roseli deu um sorriso triunfante.
-Não irei ver aquele velho maldito que matou a nossa mãe. Se não fosse por ele ela não falar ria aquelas besteiras. Ele é um inútil sangue-
Levantei e dei-lhe uma tapa no rosto antes que acabasse de falar. Fiquei de cabeça baixa e ela com a mão no rosto e com um olhar incrédulo. Pelo visto nunca apanhara.
-Velho maldito? Inútil? De quem pensa que esta falando sua pirralha?
Ele me olhou com surpresa, levantei o rosto e lhe dei uma expressão fria.
-Quem é você para falar assim dele? Do que você sabe? Só o que a bosta da sua irmã te falou, e por acaso ela não sabe de nada também. Ele é o culpado pela morte da mamãe?
Comecei a rir cruelmente.
-Não me faça rir! Vocês não sabem de nada!
Peguei-a pelo pulso e depois a levantei.
-Será que vocês não vêm que ele também sofreu? Ele a amava, não importa o que digam, ele a amava muito! Naquele dia... Naquele dia ele também chorou!
“- Papai, papai o que aconteceu com a mamãe? Cadê ela? Não vejo ela em lugar nenhum.
-Desculpe Lily, mas a mamãe não vai voltar.
-Papai porque está chorando? Está tudo bem veja eu estou aqui!”
-Ele chorou, por mim, pela minha mãe, por ele! Mas que droga ele também é seu pai! Respeite-o. Todos os dias sem exceções ele me pergunta de você! Ele nunca se esqueceu de você ou da Roseli, então pare de dizer essas coisas!
Quando parei eu estava ofegante e lagrimas saíam dos meus olhos aos montes, eu ainda segurava com força o punho de Analice. Quando levantei o rosto vi que Analice me encarava surpresa e com o rosto cheio de lagrimas e vermelho. Assim que percebi o que fiz soltei o pulso dela e me agachei de joelhos abrindo os braços a convidando para um abraço, sorrindo o mais gentilmente que pude. Assim que viu o gesto Analice esfregou os olhos e começou a chorar e soluçar, ela veio correndo me abraçar  e, assim que com seguiu um pouco de fôlego, se pós a falar.
-Eu também queria saber como o papai estava eu queria abraça-lo e receber o carinho dele, mas a Irmã disse que eu tinha que ser forte. Ela disse que não precisávamos disso, que eu tinha que ser mais madura e que o papai tinha matado a mamãe.
-Madura? Mas você é só uma criança.
Depois eu me virei e olhei Roseli.
-Vá embora, irei mandar aluem buscar as roupas da Analice.
-Que seja, desde o momento em que ela chorou já não m servia mais.
Ela virou foi embora, pedi para que uma empregada levasse Analice para o quarto do meu pai e me sentei soltando um pesado e longo suspiro. Fechei os olhos por um momento e me vi deitada numa cama com a minha mãe do lado segurando a minha mãe e cantarolando alguma melodia que eu desconhecia. Era uma típica cena de minha infância, ela costumava a contar uma historia sobre uma menina travessa que, quando brigou com seus pais, foi até seu jardim e andou até cansar, enquanto procurava um lugar para se sentar a garotinha achou uma arvore que tinha um enorme buraco bem junto as raízes, ela pensou em dar um susto em seus pais e então...
-É isso!
-Isso o que?
Karen deu um pulou e gritou comigo assustada.
-Onde está a entrada para o mundo Astral. Porque não pensei nisso antes? Só podia estar lá era tão obvio que eu me esqueci.
-Com licença, me desculpe ter que tira-la de seus pensamentos loucos, mas poderia explicar porque está berrando?
-Eu acabei de me lembrar onde que está à entrada para o mundo astral eu já não disse? Posso estar errada, mas vale a pena tentar.
Andrew se levantou e andou até ficar a minha frente e depois estendeu sua mão direita para mim.
-Vamos então?

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